23 de jul. de 2019




durante meus piores momentos nos bancos de praça
nas cadeias ou vivendo com putas
eu sempre tive um certo bem-estar 
– eu não chamaria de felicidade – 
era mais algo como um equilíbrio interno 
que se contentava com o que quer que estivesse ocorrendo
e ajudava-me nas fábricas
e quando os relacionamentos não davam certo
com as mulheres.
ajudou-me através
das guerras e das ressacas
as brigas em becos os hospitais.
acordar em um quarto barato
numa cidade estranha e abrir as cortinas –
esse era o tipo mais louco de contentamento.
e andar pelo chão até uma pia velha com um
espelho rachado –  ver a mim mesmo, feio,
com um sorriso largo diante de tudo aquilo.
o que mais importa é quão bem você
caminha pelo fogo.

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